Escrito por Inteligência Financeira - O Globo.
Os fundos de investimentos em direitos autorais de músicas são rentabilizados por royalties e têm crescido com a adesão de artistas como Justin Timberlake.
Sempre que uma música é tocada, seja via streaming, em shows, peças publicitárias, nas rádios, em filmes etc., os detentores de seus direitos autorais recebem royalties musicais pela execução. Em 2020, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), responsável pelo recolhimento desses rendimentos, repassou R$ 905,8 milhões aos donos das composições.
Se para muitos deles esse rendimento era parte da remuneração, que se somava a shows realizados e outras ações de publicidade, a partir da pandemia os repasses do Ecad se tornaram a única fonte de renda. Para minimizar as perdas, um novo mercado se intensificou, beneficiando não apenas os artistas, como os investidores: os fundos de investimento em direitos autorais. Em linhas gerais, uma gestora de fundos compra os direitos sobre uma parte ou todo acervo de artistas, vende cotas para investidores e os remunera a partir dos royalties recebidos. Assim, quanto mais uma música é tocada, mais valorizada ela fica nessa “bolsa de valores” do show business. Para entrar nesse mercado, é preciso encontrar uma gestora que comercialize esses fundos para pessoa física e comprar cotas. Atualmente, existem poucos fundos que oferecem esse tipo de investimento com ticket médio baixo, por isso é preciso pesquisar. A partir daí, é torcer para que a música seja executada como se não houvesse amanhã.
Uma reportagem publicada pela Inteligência Financeira mostra que em 2022, o cantor e compositor Justin Timberlake vendeu direitos de músicas por um valor estimado de US$ 100 milhões. No Brasil, compositores de pagode, sertanejo e outros estilos musicais também aderiram ao mercado, faturando uma bolada que demoraria anos para ser conquistada com royalties.
Índice “Evidências”
Embora esse tipo de ativo não seja atrelado a indexadores comuns, como taxa Selic e inflação, ele é um produto de alto risco, já que está sujeito às oscilações ligadas ao mercado fonográfico. Isso porque a gestora do fundo projeta a rentabilidade do ativo no futuro. Um hit instantâneo, por exemplo, pode estar em alta numa semana e ser esquecido na seguinte, fazendo o valor do fundo despencar. Uma música da moda pode receber críticas de determinado grupo de afinidade e perder ouvintes. Um estilo pode sair de moda, sendo esmagado por outro. Por essas razões, o mais indicado é escolher composições ao estilo “Evidências”, ou seja, que estão consagradas pelo público, tocam em casamentos, karaokês, festas, bailes, nas rádios e que já passaram pelo crivo do tempo. Outra dica é escolher aqueles fundos com portfólio diversificado, que apostam em múltiplos estilos musicais.
Também vale estudar friamente o desempenho potencial de cada composição, sem colocar gostos pessoais na balança. Afinal, clássicos continuam a ser clássicos, mesmo que não sejam unanimidade entre o público. Finalmente, agir com cautela e alocar uma pequena fração do capital neste tipo de ativo. Mesmo que você seja muito fã de um artista.
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